Quando a pandemia do novo coronavírus levou o país a viver sob estado de calamidade, um impacto que se temia era o do desabastecimento. Seja nas prateleiras dos supermercados, seja no sistema de saúde. Ainda que os efeitos sanitários e econômicos da covid-19 permaneçam, a indústria (inclusive indústrias de isolantes elétricos) tem feito a sua parte para ajudar o Brasil na travessia deste período mais agudo da crise que enfrentamos.
Em todo território, o setor produtivo mostrou solidariedade e velocidade de resposta, realizando ajustes rápidos em linhas de produção para atender necessidades básicas da população.
Após um 2019 difícil, as indústrias de isolantes elétricos brasileiras começaram a apresentar sinais de recuperação em janeiro deste ano.
O faturamento real do setor teve alta de 1,5% na comparação com o mês anterior, e a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) atingiu 78%, elevação de 0,4 ponto percentual ante dezembro – dados dessazonalizados coletados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os indicadores de janeiro apontavam que, certamente, iria ocorrer uma retomada expressiva da indústria brasileira, a ponto de todas as previsões indicarem que o crescimento do setor em 2019 ficaria em torno de 2,8% — acima da previsão de 2,5% de crescimento do PIB nacional.
Mas eis que, subitamente, chegou a crise do novo coronavírus, e todas as previsões otimistas se desfizeram.
Até o primeiro quadrimestre deste ano de 2020 a pandemia afetou e muito a economia e praticamente todos os setores sofreram com a queda de arrecadação, inclusive as indústrias de isolantes elétricos.
Pandemia x economia: a recuperação das indústrias de isolantes elétricos
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as indústrias de isolantes elétricos avançaram 2,6% em setembro na comparação com agosto, o quinto mês seguido de alta, deixando para trás as perdas com a covid-19.
De maio a setembro, a indústria avançou 37,5%. Eliminando o recuo acumulado apenas em março e abril. Quando o setor enfrentou o auge da crise causada pela pandemia, com medidas de isolamento que fecharam as fábricas e seguraram o consumo. Agora, o nível da produção está 0,2% acima do registrado em fevereiro.
Para economistas, os dados confirmam a retomada da economia no terceiro trimestre, mas o IBGE alertou para incertezas em torno da continuidade do crescimento.
A retomada recente eliminou as perdas da pandemia. Mas não bastou para recuperar o desempenho negativo dos últimos anos. O nível da produção ainda está 15,9% abaixo do máximo, atingido em maio de 2011.
A retomada dos últimos meses levou a produção das indústrias de isolantes elétricos do terceiro trimestre a um salto de 22,3% ante o segundo trimestre.
Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho na América Latina, Luciano Rostagno, o desempenho da indústria colocou um “viés de alta” para sua projeção de crescimento econômico de 7,5% no terceiro trimestre.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, também vê espaço para melhorar as estimativas de crescimento.
A equipe de economistas da Austin ainda espera um tombo de 5,1% no PIB de 2020, diante da recessão causada pela pandemia. Mas os resultados mais recentes indicam uma queda mais amena, em torno de 4,4%.
As crises vêm e vão. E é sempre bom que estejamos preparados, pois não sabemos o momento exato que elas surgirão.